
Tributário
8 de abr. de 2025
Criado por
Thiago Bao
A Reforma Tributária entrou de vez no radar das empresas brasileiras. Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 132 e da recém-publicada Lei Complementar nº 214/2025, a transição para um novo sistema de tributos sobre o consumo já tem data para começar: em 2026, com a cobrança do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS).
Mas a mudança não será de um dia para o outro. O cronograma prevê uma transição longa, que vai até 2033, permitindo que empresas se adaptem aos poucos. E quem está crescendo, inovando e tem planos de longo prazo já entendeu o recado: é hora de agir agora.
O que muda a partir de 2026?
A partir do ano que vem, as empresas terão que aplicar a primeira fase da reforma, com a cobrança de 1% de IBS e CBS — novos tributos que substituirão PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS ao longo do tempo. Esse valor será compensado com os créditos de PIS e Cofins, funcionando como uma espécie de período-teste, sem aumento da carga tributária nesse primeiro momento.
A ideia é permitir ajustes operacionais, testes de sistema e adaptação de processos internos antes da substituição completa dos tributos atuais.
Cronograma da Transição (2026 a 2033)
2026: Cobrança do IBS/CBS em regime de teste, com alíquota de 1%, compensável com PIS/Cofins.
2027:: Extinção do PIS e Cofins e cobrança do CBS (alíquota de 8,7%)
2029 a 2032: Redução escalonada do ICMS e do ISS.
2033: Extinção definitiva dos tributos antigos e entrada em vigor total do novo modelo, com a alíquota padrão de IBS e CBS.
Ou seja, embora o prazo final pareça distante, a exigência real começa já em 2026. E isso significa planejamento tributário, revisão de contratos, atualização de sistemas e capacitação de equipes desde já.
A nova lógica da tributação sobre consumo
Uma das maiores promessas da Reforma é a neutralidade tributária, ou seja, o imposto deixa de depender da localização da empresa ou da complexidade da cadeia. Sai o emaranhado de regras do ICMS e ISS, entra um sistema com alíquota única, crédito financeiro amplo e cobrança no destino do consumo.
A estimativa da equipe técnica do governo é que a alíquota padrão fique em 28,7%, somando os dois tributos (IBS e CBS), embora ainda haja discussões em andamento, especialmente sobre a divisão entre Estados e municípios.
O resultado esperado: mais simplicidade, menos disputas judiciais e mais segurança para quem investe.
Empresas que crescem já estão se adaptando
Companhias de médio e grande porte, com operação nacional e faturamento relevante, já começaram a estruturar seus planos de adequação. Algumas iniciaram mapeamentos setoriais, contrataram consultorias especializadas e vêm promovendo capacitações internas com foco nas mudanças da reforma.
A lógica é simples: quem se antecipa garante vantagens competitivas. Especialmente em setores com grandes centros de distribuição, operações interestaduais e cadeias logísticas complexas, como varejo, indústria e tecnologia.
Segundo executivos do setor, não se trata apenas de ajustar planilhas — mas sim de conduzir uma transformação estratégica na gestão tributária e operacional das empresas.
Estratégias para Implantação: o que você precisa considerar
Abaixo, listamos algumas frentes que empresas vêm adotando para se preparar de forma eficaz:
📊 Modelagem Econômica
Simulação dos impactos por linha de negócio
Revisão de ferramentas automatizadas com foco em compliance fiscal
Mapas de calor com áreas mais afetadas
Capacitação contínua das equipes
🖥️ Sistemas
Análise dos impactos da reforma nos ERPs
Contratação de consultorias para ajustar parametrizações
Planejamento para integração de novos campos exigidos pelos fiscos
🧾 Revisão Operacional
Ajuste das políticas internas de precificação
Impacto na formação de preço e no fluxo de caixa
Avaliação da recuperação de créditos (PIS, Cofins, ICMS)
🧠 Cultura e Gestão
Engajamento da alta liderança
Reestruturação de times fiscais e contábeis
Criação de comitês multidisciplinares internos
Essas iniciativas não são apenas táticas: elas representam um novo modelo de gestão que enxerga o impacto tributário como parte essencial da estratégia de negócios.
Reforma do negócio, não só de tributos
O espírito da Reforma não é apenas simplificar tributos, será uma reforma do negócio das empresas. O maior impacto será na forma de comprar e vender bens e serviços.
Isso exige uma mudança de mentalidade. A empresa que continuar tratando o tema apenas como um problema do contador ou do sistema fiscal, corre sério risco de perder eficiência, margem e até competitividade.
Conclusão: agir agora é um diferencial competitivo
A Reforma Tributária é inevitável, e seu impacto será profundo. Mas, para quem se antecipa, a transição pode ser uma oportunidade estratégica de reorganizar processos, reavaliar modelos de operação e ganhar vantagem competitiva.
Não espere 2026 para começar. A hora de agir é agora.
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